quinta-feira, 15 de maio de 2014

Trujillo – Peru em cores e sabores inesquecíveis




Com um pregador de roupas azul adornando a barra de seu jeans, Seu Villanuevas lia, sem pressa, seu jornal. As matérias tratavam de crimes hediondos cometidos na região. Aquele mundo trazido pelo diário sensacionalista pouco se assemelhava com a tranquilidade que emanava aquela praça, no centro da terceira maior cidade do Peru. 

Fundada no início do século 16, Trujillo, situado no norte do país, foi apelidada como “cidade da eterna primavera”, pelo clima ameno que predomina durante todo o ano. O senhor sentado na praça, trujillano de nascença, conta que por ali, o vento suave das tardes e a "garúa" das noites, amacia o coração de seus moradores.  

Sem dúvida é um povo suave, alegre, de sorriso fácil. Um ótimo lugar para fugir do óbvio, na hora de viajar, se integrar com a cultura peruana e se apaixonar

O que fazer



Trujillo evidentemente não é primeira, nem segunda opção para turistas visitarem no Peru. Brasileiros, então, nem sinal. Com cidadãos acolhedores que só, o local parece mesmo ter ideal para passagem de mochileiros que seguem viagem pela América do Sul ou mesmo um pit-stop para surfistas de todo o mundo, que recorrem o litoral peruano em busca de “altas ondas”.



As construções do centro histórico datam do século 18 e 19 e pintadas em tons fortes e cores quentes, parecem querer minimizar a atmosfera e paisagem desértica que figura em grande parte da costa peruana e seus arredores.

Então, se você quer apenas conhecer mais da cultura do país e desacelerar um pouco, esse é o seu lugar. Aproveite seu tempo livre e passeie pela Plaza de Armas (foto), visite o Palacio Municipal, onde te dão um resumo da história política da cidade, vá ao mercado de artesanato Apiat, na Av. España, conheça o Mural Artístico da Universidad Nacional de Trujillo, considerado o maior da América Latina, conta, em imagens feitas com pastilhas, a história do Peru, e assista uma apresentação de marinera, dança típica da região.

No mais, caminhe despretensiosamente, e deixe que a cidade te surpreenda. Para mim, o destaque de Trujillo está justamente no jeito amável dos nativos, então, puxe papo sempre que puder. Se não puxarem antes.



Outro ponto fortíssimo da cidade é a culinária, muito boa e barata! No centro mesmo você encontra mil opções de comida, em especial, lugares que servem peixes e mariscos curtidos no limão (ceviches <3 veja na foto) e a famosa chifa, fusão da comida chinesa e peruana, que é muito comum no país.

Não precisa procurar muito para achar coisa gostosa, mas, por ter ido mais de uma vez, recomendo os deliciosos pratos do Siete Mares e Chifa Chung Heng. Tenha em conta duas coisas: os pratos são sempre bem servidos e muito apimentados. Caso não seja fã de comida picante, peça para fazerem mais suaves e com menos “picor”.

À noite você pode comer de novo, haha, ou ir a uma balada dos nativos. Dois pubs com bandas de música peruana – em especial rock – que fui e recomendo são o Nuestro Bar e TributoBar. Não se assuste se do nada começarem a tocar uma salsa ou cumbia, é da cultura deles.

Turistão


Não tem como fugir desses programas turísticos, nem em Trujillo. Mas valem a pena. Vamos lá:
  • Ruínas de civilizações pré-incas: Nas proximidades de Trujillo, viveram três civilizações pré-incas: Chan Chan, Chimú, Moche e suas ruínas podem ser vistas, respectivamente, em Chan Chan, Huacas del Sol y de la Luna e Huaca Arco Iris ou El Dragón. As histórias dos lugares são incríveis e compensam o fato de, esteticamente, eles não serem lá essas coisas.
Os tours duram entre 2h30 e 4h, custam cerca de 20 soles (17 reais) e próximo a Plaza de Armas, têm várias agências oferecendo os passeios. Recomendo a Arco Iris Travel, na Jr. Independencia, 263.
  • Praia de Huanchaco (foto): Não vá esperando ver uma praia paradisíaca, pois você, como eu, vai se decepcionar. Huanchaco fica a uns 30min de Trujillo e é famosa entre os surfistas de todo o mundo. Aparentemente têm boas ondas, mas não as melhores do Peru. O fato é que as praias são de areia escura, água fria, e a cidadezinha cheia da galera do reggae e do surf.
Há algo de artesanato por lá, mas o mesmo que você encontra em qualquer praia brasileira. Como tudo para mim se resume a comida, eu aproveitei para provar os picarrones de uma associação comunitária que fica na entrada do vilarejo e tem o objetivo de engordar o povo.

Onde ficar



Hostal El Mochilero - Este é um albergue tranquilo, dirigido por um senhor muito simpático e solícito, seu Harry, e está situado a poucas quadras da Plaza de Armas de Trujillo, no centro, próximo de pontos de ônibus para a praia de Huanchaco e outras partes da cidade.

O barulho de trânsito é tolerável e, na região, você encontra supermercado, restaurantes e agências para fazer os tours nos arredores.

O astral do albergue é muito bom e as festas só acontecem se você propuser uma (claro que eu propus =D). Os preços variam de 20 a 30 soles – de 15 a 23 reais – em quartos de casal ou compartilhados com oito camas. Não há banheiros privados.


Ah! E para que servia o tal pregador de roupas que Seu Villanuevas tinha na barra da calça? Para evitar que a roupa agarrasse no pedal de sua inseparável bicicleta. Afinal, a cidade oferece muitos perigos. ;)



PS da amizade: Um agradecimento especial aos meus queridos amigos peruanos que me deram o prazer de conhecer Trujillo: Christian, Julio e Marco.

0 comentários:

Postar um comentário